15 anos do Real: aniversário do planoque fez o Brasil deixar de ser piada do mundo

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No dia 01 de julho de 1994 foi lançado pelo ministro da Fazenda do governo Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, o real, a décima moeda da história do Brasil, quinta depois do Plano Cruzado lançado em 1986. Há 15 anos, portanto, tinha início o quinto e último plano “heterodoxo” de combate à inflação, uma praga econômica que atacava o país há décadas e que contribuía para ridicularizar o Brasil perante o mundo considerado civilizado.

“O Brasil entrou para a literatura por ter um dos casos de hiperinflação mais impressionantes da história. Entre janeiro de 1980 e junho de 1994, a inflação acumulada no país, medida pelo IPCA, foi de 10,5 trilhões por cento (ou 10.500.000.000.000%). A maior inflação anual foi registrada em 1993, quando o índice chegou a 2.477%. A cada mês, a moeda perdia praticamente metade do seu poder de compra.”

Veja, 08.07.09

Diferentemente dos demais países que naquela época também viveram processos inflacionários, o Brasil, fiel ao espírito conciliador nacional, inventou um mecanismo chamado correção monetária que foi responsável por um amortecimento de longos anos.

“… vivemos no Brasil a ilusão de que uma inflação elevada poderia coexistir com o crescimento (…) Essa atitude levou à institucionalização de mecanismos de indexação (…) Mas o custo de tal política foi o de anestesiar a sociedade diante de um problema que afetava seu bem-estar e postergar um enfrentamento definitivo dessa questão. Quando o Brasil acordou (…) a inflação já havia atingido um nível destrutivo sobre o tecido econômico e avançava sobre a paz social.”

Luiz Carlos Mendonça de Barros, FSP, 03.06.09

Deste modo, o Brasil foi o último país a acabar com a superinflação e os estragos dessa situação se entranharam na economia, em especial sobre os mais pobres que não conseguiam se beneficiar completamente da correção monetária, blindando sua moeda como faziam os que tinham acesso direto ao sistema bancário.

“O Brasil foi o último país a terminar com a escravidão e o último também a terminar com a hiperinflação. Um registro nada brilhante, ainda mais quando se tem em mente que a inflação penalizava diretamente os mais pobres. O Real fez um corte com o passado e abriu um novo horizonte para o desenvolvimento econômico e social. (…) o Real colocou na agenda política uma série de reformas estruturais importantes para que o Brasil cresça na sua máxima potencialidade.”

Pérsio Arida, um dos “pais” do Real, OESP, 01.07.09

Hoje, o Brasil pode comemorar o fato de estar resistindo à crise melhor que a maioria do mundo graças ao sucesso do Plano Real. Uma década e meia depois da vitória sobre a inflação, podem ser contabilizados o grande esforço de equilíbrio fiscal, o câmbio flutuante, o regime de metas de inflação, o Banco Central independente e a moeda forte. Essa foi a base sobre qual o governo Lula, com a sabedoria de ter mantido o que estava dando certo, pode avançar com sua política de ampliação do poder de compra dos salários, o Bolsa Família e outras medidas que consolidaram a posição do Brasil no mundo, tirando-o da incômoda posição de piada econômica internacional.

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