Sete cenários para ajudar a pensar 2010 num ambiente pós fase aguda da crise

Pensando na orientação aos seus clientes aplicadores, o banco Merrill Linch construiu sete cenários, sintetizados pelo Portal Exame, com possíveis repercussões a partir de 2010
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A moratória de Dubai é um alerta de que, embora a fase mais aguda da crise tenha passado, seus efeitos ainda perdurarão por um bom Tempo. Para ajudar a tornar menos nebuloso o futuro, o banco de investimento norte-americano Merrill Linch construiu sete cenários que podem provocar impactos nas bolsas de valores em 2010. Vale a pena ver o resumo deles feito pelo Portal Exame.
1.Petróleo a US$ 100 e aumento da inflação
Este cenário inclui um aumento do índice de preços ao consumidor nos EUA de -1% para 4% no fim de 2010, resultado de uma combinação de expansão monetária, novos declínios do dólar e um forte crescimento na Ásia. Esta conjuntura pode pressionar o preço do barril de petróleo para patamares próximos dos US$ 100. O salto na inflação complicaria o financiamento do déficit orçamentário dos EUA. Os principais indicadores para observar o surgimento de tal cenário seriam o aumento da expectativa da inflação para os próximos cinco anos nos Estados Unidos, passando de 1,5% para 2,5%.
2.Um forte declínio do crescimento
Outro risco para o mercado seria haver, nos próximos quatro trimestres, o retorno da retração do PIB nos Estados Unidos, Reino Unido e Europa. Esta realidade seria ocasionada por erros na condução da política nestes países. Um dos exemplos é a possibilidade de que as autoridades promovam uma rápida retirada das políticas de estímulo ― sem que as economias estejam saudáveis o suficiente. O cenário inclui ainda a possibilidade de declínio dos empréstimos bancários para pequenas e médias empresas. A queda das taxas de juros dos títulos americanos seria um sinal de que os bancos estão mais dispostos a aplicar o dinheiro do que a ampliar a carteira de crédito.
3.Uma bolha nos ativos da China
O terceiro risco que os analistas enxergam é o de que os preços dos ativos na China aumentem demais. Este cenário seria agravado pela relutância da China em reavaliar sua taxa de câmbio e aumento da especulação no mercado imobiliário. Sinais da realidade dessa ameaça seriam a valorização da bolsa de Xangai para um patamar acima de 4.000 pontos e a apreciação do dólar australiano.
4.Protecionismo e crise do dólar
Neste cenário, o emprego nos Estados Unidos chegaria a níveis próximos daqueles observados logo após o fim da Segunda Guerra, acompanhado pela valorização do euro frente à moeda chinesa. Os analistas preveem ainda o pânico de autoridades nos Estados Unidos e na Europa, o que os levaria a ameaçar impor sanções econômicas à China. Com isso, a dificuldade entre os países tenderia a aumentar, principalmente se a China, em retaliação, decidisse interromper o financiamento do déficit norte-americano. O efeito final seria a desvalorização do dólar para um nível inédito.
5.A moratória da dívida do Japão
O quinto risco listado envolve uma terrível “situação fiscal no Japão”, a qual seria desencadeada pelo aumento da emissão de títulos por parte do novo governo do país, para financiar novas e ambiciosas despesas políticas. Neste caso, o Banco do Japão seria forçado a provocar inflação.
6.A recuperação do consumo nos EUA
Contrariando as expectativas, a combinação de juros baixos e o “efeito riqueza” decorrente da forte recuperação do crédito e do mercado de capitais poderiam estimular a retomada do endividamento das famílias, encorajando os bancos a voltarem a emprestar.
7.”Sem surpresas”
O último cenário considerado é aquele em que tanto os que apostam em uma bolha de preços dos ativos quanto os que esperam uma violenta depreciação são desapontados por uma “prosaica situação de pouca volatilidade em 2010”. Neste caso, seria esperada uma modesta recuperação econômica, acompanhada de manobras políticas dos governantes para normalizar a situação econômica sem danificar os mercados.