GERENCIANDO A INOVAÇÃO

por Fernando Braga, sócio da TGI Consultoria em Gestão
Nas organizações, é comum vermos os principais dirigentes e executivos cobrarem e esperarem que as equipes e os gestores tragam mais inovações. Mas como estimular isso? Antes de tudo, é importante entender que, diferentemente da crença popular, na maioria das vezes a inovação não vem de arroubos de inspiração genial de algumas pessoas, mas de esforços sistemáticos e coletivos. E as organizações podem e devem criar as condições para que isso aconteça.
Um ponto de partida para estimular a inovação é fazer com que os profissionais criem de acordo com a estratégia da organização. Portanto, primeiro é preciso ter clareza de onde se quer chegar e do rumo a seguir.
Após a definição da visão de futuro, o próximo passo é definir grupos de trabalho para discutir, criar e cuidar de projetos relacionados às plataformas de inovação da organização, como (1) o modelo de negócio; (2) as competências e os ativos estratégicos; (3) as verdades inquestionáveis do setor e do mercado; (4) as necessidades dos clientes e não clientes; e (5) o ambiente de negócios e os fatos portadores de futuro.
Essas discussões e projetos devem ser feitos de modo coordenado e estruturado, envolvendo grupos com diferentes posições hierárquicas e áreas da organização, buscando a maior diversidade possível, promovendo uma escuta efetiva da linha de frente da organização.
Para que o trabalho funcione adequadamente, os grupos devem ser capacitados em inovação e ter orientação necessária para cuidar dos projetos. É importante que os indivíduos sejam reconhecidos e estimulados e sejam instituídos mecanismos de colaboração que permitam a cocriação. Além disso, a produção deve ser registrada, sistematizada e organizada.
É importante que haja fóruns de integração entre os grupos de trabalho para que todos tomem conhecimento dos projetos que estão em andamento, viabilizando conexões entre eles e possibilitando, ao mesmo tempo, um momento de prestação de contas e reconhecimento profissional.
Para que o processo transcorra adequadamente, é necessário escolher os projetos com maior potencial e alinhamento com a estratégia e as competências da empresa, reduzir as dificuldades para disponibilização de apoio e recursos para profissionais que apresentem novas ideias, acompanhar a inovação por unidade de negócio, estimular testes de baixo custo, alocar recursos de modo incremental, de acordo com a evolução dos projetos, e vincular as avaliações de desempenho aos resultados em inovação.
O processo de gestão da inovação é bastante complexo, mas gerenciável. Talvez os resultados não apareçam no curto nem no médio prazo, e, por isso, organizações que adotarem esse processo devem ter a disponibilidade de persistir e insistir, para minimizar as chances de fracasso. E como persistir e assegurar que os projetos estão no rumo certo? Com o patrocínio explícito dos gestores ao processo e à monitoração disciplinada, sistemática e contínua.

Este post tem 0 comentários

  1. Amando Guerra Neto

    Caro Fernando Braga: Parabéns pela matéria – acho que pode ser estruturada na organização. Permita-me algumas considerações como pequeno empresário que convive nesse contexto:
    1- não confundir a difusão de ideias com difusão de inovação;
    2- penso que a criação de um comitê para inovação com a presença efetiva dos fornecedores e clientes estratégicos – aqueles que estão dispostos a agrega valor na relação, o efetivo patrocínio da alta direção e os colaboradores apaixonados por irracionalidades;
    3- alta direção estar consciente de que erros acontecerão – é virtude encontrar o momento certo de declinar de algum projeto que buscou a inovação;
    4- crie a plataforma e deixe os clientes e fornecedores estratégicos demandar as customizações – consolide a inovação com o mercado consumidor;
    5- MINIMIZE O CUSTO DE EXPERIMENTAÇÃO: para experimentar mais, as organizações precisarão a aprender a experimentar mais barato, desenvolvendo storyboards, simulações, cenários de interpretação de papéis e maquetes baratas, que permitam que os clientes interajam com as ideias em estágios preliminares. Aprenda cedo, aprenda barato, aprenda rápido – três regras essenciais para qualquer empresa que pretenda ultrapassar a mudança.
    6- FLEXIBILIDADE ESTRATÉGICA: nove em cada dez, a agilidade supera o tamanho.
    “VELOCIDADE COM FLEXIBILIDADE: ao construir para pensar ao invés de pensar para construir, a organização pode acelerar fortemente o rítimo da inovação”
    Obrigado pela oportunidade
    Amando Guerra
    amando@tmed.com.br

  2. TGI Consultoria em Gestão

    Caro Armando,
    Primeiramente, obrigado pelo reconhecimento.
    Acho suas colocações bastante pertinentes e interessantes.
    De fato, existe uma confusão entre geração de idéias (que é um passo para a inovação) e a inovação, que exige a concretização dessas idéias e sua articulação com demandas e com o mercado.
    Sobre os grupos para inovação, há ganhos na articulação com parceiros e clientes, mas nem todos os mercados permitem esta abertura. Se possível, é uma boa prática.
    Os demais pontos abordados reforçam as questões de articulação e patrocínio das lideranças (seja por tolerância aos erros, seja por oportunidades para experimentação).
    A questão que fica é que um processo complexo e exigente como este deve ser gerenciado de modo compatível com o nível de exigência suportado pela organização, prevenindo eventuais desgastes do próprio processo.
    Fernando Braga.

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