por Silvia Gusmão, sócia da Trajeto Consultoria, empresa integrante da Rede Gestão.
O envelhecimento populacional é um desafio para a sociedade e para o País porque produz efeitos na economia, no sistema previdenciário e no setor da Saúde. O mundo está envelhecendo rapidamente, e as famílias estão gerando menos filhos. A tendência é de que a população mundial, estimada em 7,2 bilhões, triplique o quantitativo de pessoas com mais de 60 anos até 2050.
O Brasil acompanha essa mudança demográfica. A expectativa de vida da população aumentou para mais de 73 anos, e a pirâmide da sociedade brasileira está se invertendo. Em 2010, o número de jovens brasileiros era 10 vezes maior que o das pessoas mais velhas. A projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é de que essa diferença caia para 7 vezes em 2020; para 5 vezes em 2030; e para 3 vezes em 2050.
Os efeitos ressoam também na vida de cada sujeito em particular. Embora a aposentadoria seja uma conquista, a saída do mundo do trabalho pode não ser tranquila. Não traz apenas ganhos. O “aposentável” também terá de lidar com perdas — do seu lugar no sistema produtivo, do poder adquirido na carreira, do vínculo com os colegas de trabalho, da rotina e dos comportamentos habituais. Além disso, é um período em que o sujeito se confronta com as consequências de suas escolhas, pessoais e profissionais, com o próprio envelhecimento e a proximidade da morte.
Dulce Helena Penna Soares, coautora do livro AposentAção (Ed. Vetor, 2011), alerta para a alta incidência de pessoas que se separam, adoecem ou morrem quando se aposentam. Apegadas à ilusão das horas livres, perdem-se na administração do tempo e na realização apenas de atividades esporádicas. Pela falta de outros projetos, são facilmente convocadas a ficar no lugar de coringa da família. Aquele que pode levar o neto à escola, ao esporte, à aula de inglês, ir para fila de banco…
Portanto, é preciso preparar-se para esse momento. Refletir sobre as mudanças sociais e familiares, cuidar da saúde e das finanças, reestruturar-se para novos projetos e laços afetivos. É importante fazer planos futuros e saber torná-los concretos.
Isso significa que a aposentadoria pode não só ser um tempo de crise, mas também de oportunidades!