Carnaval em março, Copa do Mundo no Brasil (no mês do São João), eleições presidenciais, recorde de feriados e imprensados. 2014 promete trazer, junto com o grande número de dias de folga, alguma dor de cabeça para os gestores e empresários. Já circula na internet um bem humorado calendário mostrando que, feitos os cálculos, o ano terá apenas três meses de trabalho, o resto será de festas e feriadões. Brincadeiras à parte, as empresas devem começar a se planejar para enfrentar esse calendário especialmente festivo. O desafio é nem comprometer a produtividade, devido aos dias parados, nem gerar insatisfação na equipe, que sempre tem a expectativa de aproveitar ao máximo as possibilidades de folga.
Comparada à realidade de outros países, como os emergentes asiáticos, por exemplo, a ideia de um país praticamente parar para brincar quatro dias de Carnaval, acompanhar uma Copa do Mundo em dias feriados ou imprensar a comemoração de dias santos parece totalmente inaceitável sob o ponto de vista econômico. Como falar em produtividade e competitividade com um calendário tão favorecedor do ócio? O fato é que estamos muito longe de ter a mesma cultura de dedicação ao trabalho dos japoneses, por exemplo. O melhor a fazer é procurar aproveitar ao máximo o potencial de criatividade, integração e engajamento que esses eventos podem gerar e minimizar, no que for possível, seus efeitos negativos, como a dispersão e a baixa produtividade.
O período da Copa do Mundo será particularmente complicado, principalmente nas cidades que irão sediar os jogos. Haverá um acúmulo de feriados e pontos facultativos que, mesmo talvez não valendo para o setor privado, vão obrigar as empresas a definirem escalas de trabalho especiais. Cada uma deve adotar a estratégia mais adequada ao seu perfil. Muitas organizações, por exemplo, aproveitam os jogos do Brasil para promover a integração da equipe, montando uma estrutura adequada para que todos possam assistir às partidas no local de trabalho, por exemplo. Outras vão optar por dispensar os funcionários nos horários dos jogos, criando um banco para a compensação das horas. Seja qual for a opção, o gestor deve perceber que não adianta obrigar a equipe a trabalhar, a não ser, claro, em casos específicos, como os serviços essenciais.
O melhor a fazer é estabelecer acordos, definindo com antecedência escalas ou formas de compensação dos períodos parados. Ao selar um acordo, a atitude do empregado normalmente é de cooperação e engajamento. Ele se sente mais motivado a trabalhar em um determinado momento para compensar outro de folga, além de se sentir respeitado por participar da construção de um pacto com benefícios para ambos os lados. Um acordo bem construído pode fortalecer os vínculos e, até mesmo, aumentar a produtividade do grupo. Já o empregado forçado a trabalhar tende, por outro lado, a demonstrar raiva e irritação, o que pode resultar em desestímulo ou mesmo em certo “boicote”, como forma de reação à decisão não negociada da empresa. Para não derrapar na produtividade em 2014, a dica é apostar no bom senso e na flexibilidade, sem deixar de lado a busca por resultados.
O Gestão Mais é uma coluna da TGI na revista Algomais. Leia a publicação completa aqui: www.revistaalgomais.com.br.