Gestão e Democracia


por Ricardo de Almeida, sócio da TGI Consultoria em Gestão
Bem-estar dos trabalhadores gera mais eficiência e produtividade.
Nosso país tem em sua formação histórica e cultural um forte traço: o autoritarismo. Vêm daí “pérolas” como “Manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Mas, no mundo contemporâneo, as evidências demonstram que uma gestão democrática é muito mais eficaz do que o velho modelo comando-obediência.
A tendência é um aumento significativo de modelos de gestão que levem em conta a felicidade e a qualidade de vida dos empregados. Existem, inclusive, estudos que comprovam que o trabalhador feliz, descansado e relaxado produz mais e melhor. Um exemplo é o escritório da multinacional Google em São Paulo. O espaço privilegia a qualidade de vida e a descontração dos empregados.
Outros creditam ao bem-estar a produção mais eficiente. Então, se há uma ligação direta entre bem-estar e aumento de produção, é imprescindível que o colaborador se sinta livre para trabalhar. Dessa forma, ele poderia escolher o local de trabalho e ter liberdade de formar os próprios horários. O importante é cumprir as metas e apresentar resultados. Logo, surge a ideia de que, nesse novo formato, o empresário tende a conquistar seu empregado.
Ainda se pode dizer que esse novo modelo está ligado à cultura democrática que se instala nos países desenvolvidos e/ou em desenvolvimento. Democracia como participação e capacidade de decidir os rumos da vida social. É a interação entre os interesses individuais e os anseios coletivos. Assim, o maior desafio é fazer com que toda a equipe tenha o mesmo objetivo e que cada um entenda sua importância. Ao gestor, cabe saber administrar conflitos, escutar, colocar-se no lugar do outro, respeitar as individualidades, aceitar pontos de vista diferentes e zelar e auxiliar o colaborador na busca por crescimento. Claro, sem perder de vista as metas e estando sempre atento às necessidades da equipe.
A falta de gestão participativa eficiente pode levar a equipe a não atingir resultados esperados. Mais além, a falta de engajamento e a insatisfação da equipe podem levar a empresa a correr riscos desnecessários. Em uma época marcada pela dificuldade em encontrar  mão de obra qualificada, o trabalho do gestor é ainda mais importante para ajudar a reter talentos e extrair o potencial dos colaboradores. E, ao estimular boas práticas, ele garante qualidade aos serviços, reduz desperdícios, eleva a segurança, diminui a rotatividade de profissionais e aumenta a produtividade.
Em uma cultura efetivamente democrática, a participação e o engajamento nas decisões políticas levam o indivíduo a não aceitar um ambiente opressor —  que não o escute ou não o consulte para decisões importantes. Para conquistar mão de obra de qualidade, o empresário, cada vez mais, terá que levar em consideração outras questões além de um bom salário.

Este post tem 0 comentários

  1. Rafael dos Santos

    Ótimo texto. Um grande desafio para os gestores atuais é a gestão democrática. Talvez uma palestra realizada pela TGI sobre o tema seria uma boa iniciativa para instruir os líderes.

  2. Alencar

    Empresas ainda tratam empregados como crianças.

  3. Esmeraldo V. Marinho

    Parabéns amigo Ricardo, pelo excelente texto “Gestão e Democracia”. Não existe mais lugar para o velho modelo “comando-obediência”. Produtividade e qualidade casam muito bem com o Bem-estar dos empregados.

  4. Leonardo Pontual

    Ótimo debate, Ricardo! Na prática é uma mudança drástica de cultura e que requer uma equipe madura, com bom nível educacional, e uma legislação trabalhista mais flexível. Apesar da dificuldade na implantação e acompanhamento acredito no êxito do modelo. Abraços.

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