“É proibido chorar sem aprender”.
Pablo Neruda (1904-1973), poeta chileno
Um dos assuntos mais comentados da Copa do Mundo 2014 foi como a Seleção Brasileira se mostrou “despreparada” psicologicamente durante a competição. Quem vai esquecer do choro diante do hino entoado à capela; da visível pressão sentida pelos jogadores antes das cobranças de pênaltis contra o Chile; do desconsolo do capitão Thiago Silva; e da culminância no fatídico 7×1 sofrido contra a Alemanha? Fatos que acabaram provocando falta de confiança do torcedor.
Convenhamos que chorar faz parte da emoção do espetáculo, mas como tudo, há um limite. E, nesse caso, uma tênue linha separa a emocionante participação no evento das evidências de temor e insegurança, como se a responsabilidade de alcançar o prêmio máximo em “casa” fosse excessiva e desestruturadora.
Levando o assunto para o lado profissional e da gestão empresarial, podemos refletir: qual o lugar das emoções na nossa vida profissional; devemos reprimi-las para demonstrar força e controle? Ou podemos expressá-las livremente? Existe uma medida ótima para regular emoções?
Na nossa cultura há uma máxima antiga que dizia “homens não choram”; e, se algum ainda menino, chorava, podia ouvir algo do tipo: “engula o choro! Seja homem!” Para as mulheres, naturalmente, o choro era autorizado e até podia ser usado como arma para conseguir coisas como sinal da suposta fragilidade feminina.
O mundo contemporâneo tem ajudado a quebrar os dois paradigma e as emoções podem ser vistas com novos olhos. Emoção pode ser sinal de paixão, de envolvimento, de afetividade; pode expressar a profundidade de um sentimento de compaixão, de dor ou pena ou de alegria e felicidade; ou pode ser a força da repulsa a uma situação ofensiva e inadmissível. Nesse caso, não há porque segurá-las. Líderes capazes de expressar seus verdadeiros sentimentos também são admirados.
Se porém, a emoção é uma reação defensiva que coloca a pessoa no lugar de vítima (como se dissesse “veja o que você fez comigo!”) ou expressa descontrole agressivo ou explosivo, aí, é um sinal de que algo vai mal e o necessário equilíbrio da maturidade se perdeu. Não tem bom efeito na vida profissional, nem na pessoal.
Não precisamos ter culpa ou vergonha de nossas emoções. Mas precisamos também não ficar reféns delas e, mais do que isso, procurar aprender com elas. Se precisarmos tomar distância para melhor regulação, podemos fazê-lo; se o melhor é extravasar, que o façamos.
Equilíbrio e espontaneidade, no estilo de cada um! Se tiver medida, é essa.
O Gestão Mais é uma coluna da TGI na revista Algomais. Leia a publicação completa aqui: www.revistaalgomais.com.br.