O TEDxRecife e a Multa Cidadã

por Francisco Cunha, sócio da TGI Consultoria em Gestão
Fundação da Califórnia professa a crença apaixonada no poder das ideias para mudar atitudes, vidas e, em última análise, o mundo”.
Na segunda quinzena de dezembro fui um dos participantes do TEDxRecife 2014 fazendo palestra para um público de mais de seiscentas pessoas no Teatro Luiz Mendonça, Parque Dona Lindu, em Boa Viagem. Foi o maior público em eventos do TED no Brasil.
O TED é uma fundação privada, sem fins lucrativos, que surgiu em 1984 na California promovendo conferências anuais sobre tecnologia, entretenimento e design, daí o nome. Tem o objetivo de tornar públicas “ideias que merecem ser disseminadas” na forma de palestras de, no máximo, 18 minutos cada, amplamente divulgadas pela internet. O TED professa a crença apaixonada “no poder das ideias para mudar atitudes, vidas e, em última análise, o mundo”. A versão 2014 no Recife (um dos locais para onde a iniciativa se propagou) teve como tema central as Revoluções Silenciosas.
Dentro dos 18 minutos que me couberam,fiz uma palestra com o título Ei, devolva minha calçada!. Comecei explicando porque nunca gostei muito de carro e como, mesmo a contragosto, terminei comprando o primeiro e passando mais de 20 anos “fora” da cidade, dentro de uma espécie de “túnel refrigerado” de onde só via o mundo exterior, como um filme, através do para-brisas. Depois que, por um acaso, voltei a andar pelas ruas que tinha abandonado, dei-me conta da importância vital da caminhada numa cidade riquíssima em detalhes, mas com calçadas destruídas e, o que é mais grave, invadidas por carros, numa inominável violência invisível e cotidiana contra o pedestre. Revoltado com isso e para não morrer do coração, criei a Multa Cidadã e passei a “multar” todos os veículos impunemente estacionados sobre o passeio público.
Por fim, contei que já imprimi mais de 20 mil multas, distribui talões para todos os participantes e os convidei a ajudar fazendo dessa iniciativa, que começou individual, algo um pouco meviolênnos silencioso para ampliar a ação pedagógica por calçadas sem carros. Afinal, a calçada é o primeiro degrau da cidadania e numa cidade onde ela não é respeitada não se pode esperar respeito por mais nada. Encerrando, disse que por onde ando regularmente já são bem menos os carros obstrutores e me despedi com o desejo de nos encontramos outras vezes caminhando por aí…
O mesmo digo aos leitores ao fim desta primeira coluna do ano: espero que em 2015 nos vejamos por aí caminhando por um Recife melhor e por calçadas cada vez mais livres dos carros.
*Artigo publicado na edição 106 da revista Algomais (www.revistaalgomais.com.br)

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