Regras da família x regras do negócio

Pesquisas apontam que mais de 60% das empresas familiares deixam de existir por problemas internos da própria família. E, dentro desse contexto, pode-se perceber que os principais conflitos com potencial para causar esse desaparecimento acontecem por conta de regras da família que são insustentáveis para o negócio.
É preciso entender que, dentro de uma relação familiar, existem comportamentos e acordos que são aceitáveis e até mesmo naturais. Mas nem sempre o que é feito dentro deste núcleo pode ser replicado no dia a dia da empresa. Por exemplo, é comum e totalmente compreensível que os pais queiram prover o sustento financeiro dos filhos de acordo com suas necessidades e vontades.
Mas na realidade do negócio é preciso recompensar o profissional, seja ele da família ou não, de acordo com o valor de mercado e o seu desempenho. De modo geral, também é costume, dentro das famílias, tratar os filhos de maneira igualitária e recompensá-los por seus esforços, enquanto nas empresas familiares o melhor caminho é identificar aqueles que desempenham acima da média e valorizá-los adequadamente.
Da mesma forma, enquanto dentro do núcleo da família os pais podem prover oportunidades de aprendizado para cada filho de acordo com a necessidade individual, no negócio é preciso prover o desenvolvimento profissional que satisfaça a necessidade organizacional. Além disso, qual pai não deseja criar oportunidades de carreiras para todos os filhos?
Só que, em uma empresa familiar competitiva, apenas os mais qualificados e competentes devem ser contratados, sem distinção por laços sanguíneos. Por fim, é ensinado a todos, desde a mais tenra idade, que é preciso respeitar e obedecer os mais velhos. É claro que, na vida em sociedade, esse é um ensinamento dos mais importantes, mas dentro de uma organização é preciso ter um outro olhar.
Ao entrar na empresa da família, a geração mais nova precisa ser encorajada para encarar os desafios, opinar, participar de debates abertos, inovar, e não apenas acatar aquilo que a geração sênior pensa ser a “verdade absoluta”. Dito isso, a lição que fica é que há um limite entre o que pode e o que não pode dentro da família e dentro da organização e tudo isso passa por uma questão principal: a essencialidade da profissionalização para levar o negócio para o futuro.