O que pode acontecer?

O Governo, empurrado pelo mercado e não por vontade própria, trocou uma "aposta" de política econômica (real valorizado e financiado por recursos externos abundantes, até que o ajuste fiscal fosse feito e a âncora cambial pudesse ser trocada pela âncora fiscal) por uma outra "aposta" muito mais exigente em termos de prazo (real desvalorizado, com financiamento monitorado pelo FMI e ajuste fiscal de emergência). Com isso, promoveu a abertura de, pelo menos, três cenários diferentes para a economia e a política do país. Se a "aposta" atual der certo, teremos o cenário da Estabilização Estressada. Se não der certo, abre-se a possibilidade de dois cenários distintos: o da Sarneyzação do Governo ou o da Volta à Estaca Zero em termos da estrutura de controle da política econômica.

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Pelo fio da navalha

Em termos de emoções econômicas, o ano de 1999 está se saindo muito melhor do que a encomenda. Depois das difíceis, embora surpreendentemente rápidas para os padrões estabelecidos, negociações com o FMI e o G-7 (que preencheram o vazio político entre o final das eleições e a posse do presidente reeleito), o ano iniciou quentíssimo com o rastilho de pólvora displicentemente aceso por Itamar Franco. Queda de Gustavo Franco, o guru da âncora cambial; tentativa de desvalorização controlada do real, com o frustrado alargamento da banda promovido pelo novo presidente do Banco Central; flutuação do câmbio, imposta pelo mercado no dia seguinte; euforia da bolsa de valores, com a maior alta do Plano Real; nervosismo no mercado de câmbio, com a moeda norte-americana fechando sua primeira semana livre com uma valorização acumulada no ano de 99 em torno de 40%; forte incerteza quanto ao futuro.

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… E o câmbio flutuou

O caldo já estava pelas bordas, quando chega Itamar Franco (o "Forrest Gump" mineiro, na expressão do jornalista Luiz Nassif) e com sua já lendária inconseqüência anuncia uma impronunciável moratória que entorna tudo. Resultado: o Brasil assume, de fato, a posição de "bola da vez" da crise financeira internacional e sofre o quarto e mais agudo ataque especulativo às suas reservas desde a quebra do México, em dezembro de 94.No espaço de três dias, em meio à substituição do seu presidente, demissão e readmissão do diretor de fiscalização, o Banco Central muda a política cambial duas vezes e, com isso, coloca por água abaixo o mais renitente dos instrumentos de controle do Plano Real: a chamada âncora cambial.

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FMI: a última cartada

Antes de iniciar, o 2º Governo FHC já deu sua última cartada. Fechou um acordo com o Fundo Monetário Internacional que assegura ao Brasil um volume de recursos externos da ordem de US$ 41,5 bilhões até 2001 (US$ 18 bi, do próprio FMI; US$ 4,5 bi do BID; US$ 4,5 bi do BIRD; e US$ 14,5 bi dos países ricos componentes do G-7, através do Banco para Compensações Internacionais da Basiléia, o BIS, considerado o "banco central dos bancos centrais"), num dos maiores pacotes financeiros de ajuda internacional da história do Fundo.

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Desta vez é pra valer?

Depois do suspense causado por quase um mês de espera, o Ministro da Fazenda divulgou o que está sendo chamado pelo governo de Programa de Estabilidade Fiscal. Não houve surpresas. Medidas que têm impacto direto sobre as empresas, apenas duas: (1) aumento da alíquota da CPMF, dos atuais 0,20%, para 0,38% em 1999 e 0,30% em 2000 e 2001, quando está prometida a sua extinção; e (2) aumento da alíquota da COFINS de 2% para 3%, com possibilidade de desconto no Imposto de Renda Pessoa Jurídica.

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Para além do imponderável

Aconteceu o que mais se temia desde a crise dos tigres asiáticos em outubro de 1997: o Brasil transformou-se na "bola da vez" do instável mercado financeiro internacional. Desde a quebra da Rússia em agosto, até o fechamento do mercado na semana passada, o país sofreu uma perda de reservas cambiais da ordem US$ 22 bilhões (o equivalente ao arrecadado com a privatização do Sistema Telebrás), reduzindo o estoque para US$ 52 bilhões, o mesmo piso mínimo atingindo no auge da crise asiática.

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A hora do guarda-chuva

A turbulência no já conturbado cenário financeiro internacional, agravada pela quebra da Rússia, longe de diminuir, tem redobrado seus efeitos com a forte oscilação das bolsas de valores, puxadas por Wall Street que, em dois dias consecutivos, teve sua 2ª pior queda da história (6,37% em 31.08.91) e uma das maiores altas num único dia (3,82% em 01.09.98), seguindo-se um movimento tendencial e generalizado de queda em todo mundo.

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