É comum dizer que a competição acirrada causa estresse. Associando as atividades empresariais à imagem da guerra (“marketing de guerra”, “estratégias de guerra”, “a arte da guerra para executivos”, etc), a idéia se reforça com a imagem de que competir é estar numa “luta de vida ou morte“.
Assim, o estresse de empresários, executivos ou empregados resultaria da pressão constante e elevada das disputas por mercados, da carga de trabalho continuada e incessante para fazer com que a empresa se diferencie dos concorrentes e satisfaça seus clientes. Ou seja, das angústias e inseguranças provocadas, em última análise, pela busca constante por superação da concorrência.
Em decorrência desse entendimento “bélico”, surgem, em contraposição, algumas idéias sobre a “boa qualidade de vida nas empresas“, tais como: situações mais estáveis, horários de trabalho bem delimitados, menor pressão por desempenho ou uma determinada proporção “matemática” entre trabalho e lazer, produzindo imagens justamente contrárias àquelas das situações causadoras de estresse.
No entanto, embora a vida empresarial possa, de fato, com freqüência, tornar-se desproporcionalmente estressante é preciso levar em conta outros fatores pouco considerados que também estão na origem dos sentimentos de estresse.
Muito mais estressante do que competir é não poder falar da competição ou, sequer, admiti-la, sob qualquer pretexto. Seja porque competir nos torna “maus”, seja porque a inveja é inadmissível (apesar de universal), ou, mesmo, porque reconhecer a força ou o valor do concorrente é sentir-se fraco ou incompetente. Todavia, no que diz respeito à competição, é justamente o esforço de escondê-la, negá-la e colocá-la como aspecto negativo nos outros que desgasta e corrói as relações, produzindo o “plus” de pressão que estressa.
Negar a competência e menosprezar a concorrência criam situações de estresse porque exigem sustentar a ilusão de ser invulnerável e, em conseqüência, a obrigação de ter que ser melhor que qualquer concorrente, em tudo. Alimentar, como é muito comum, nas equipes, um sentimento paranóico de ignorar o concorrente ou vê-lo unicamente como inimigo feroz, sendo considerado um absurdo inadmissível falar de suas qualidades, capacidades ou vantagens competitivas, é um mecanismo de alto risco, elevando o nível de tensão.
Curiosamente, mas não por acaso, empresas que não conseguem reconhecer nenhum dos aspectos positivos dos seus concorrentes também têm dificuldades de falar de suas próprias fragilidades. Tentando parecer invulneráveis, todos se sentem como que esticados até o limite de suas capacidades, como fios prestes a romper, embora não falem disso.
Portanto, falar da competição, das dificuldades do exigente dia-a-dia competitivo e, sem ingenuidade, daquilo que diferencia (tanto positiva quanto negativamente) os concorrentes de nós, tem-se mostrado um procedimento preventivo bastante salutar. Falar da concorrência ajuda a lidar com ela e a prevenir o mal do estresse. Por que, então, não fazê-lo? Por certo, os benefícios superam o desconforto inicial.

Parabéns

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