O difícil e nobre exercíciodo papel pedagógico pelo gerente

 
Uma das maiores dificuldades enfrentadas por aqueles que assumem responsabilidade gerencial é exercitar o papel pedagógico.

“Pedagogia: ciência da educação e do ensino; profissão ou prática de ensinar.”

Dicionário Aurélio Século XXI

Na grande maioria das vezes, a primeira investidura gerencial se dá em decorrência de uma promoção da carreira técnica. Ou seja, é o bom desempenho técnico que habilita à promoção gerencial. Resultado: aquilo que contribuiu decisivamente para o sucesso que levou à promoção gerencial (a competência técnica) não serve mais para garantir o sucesso na nova função (a competência em gestão). Usando uma linguagem esportiva, o que garantiu o bom desempenho do jogador não vai garantir o bom desempenho do treinador, do qual se requer, no lugar de um desempenho técnico superior, a prestação de um serviço.

“Não é permitido que os treinadores entrem no campo de jogo. Esse é o lugar reservado para os jogadores. Conseqüentemente, os treinadores não têm outras opções senão recrutar, ensinar… e servir. Liderança é sinônimo de serviço.”

Tom Peters, HSM Management, maio/junho 2002

E o principal serviço requerido do gerente é, sem sombra de dúvidas, o da formação que requer a constante prática pedagógica, desde o próprio recrutamento como defende o autor do livro “Excelência no Marketing de Guerrilha” (Editora Saraiva, São Paulo, 1994). Ele chega a considerar a aptidão como algo secundário em relação à atitude, o que reforça sobremaneira a responsabilidade gerencial pela formação.

“Contrate todos os seus empregados com base na atitude, não na aptidão. É mais fácil ensinar coisas do que mudar personalidades.”

Jay Conrad Levinson

O exercício do importantíssimo papel pedagógico do gerente se dá, portanto, desde o recrutamento e é contínuo, o que requer não só persistência como muita paciência já que, como todos sabemos desde os bancos escolares, o aprendizado (qualquer aprendizado), não é coisa simples nem, muito menos, rápida. Dizem os especialistas que a melhor forma de manter o interesse de quem está em processo contínuo de aprendizado é contar uma história que prenda a atenção.

“A habilidade central do executivo é saber contar uma história interessante, mobilizadora, que provoque engajamento e leve à ação.”

Clemente Nóbrega, revista Exame, 21.10.98

Tudo isso com a certeza de que o supra-sumo da atividade pedagógica não é propriamente transmitir conhecimento ou dizer como se faz determinada coisa mas fazer com que a própria pessoa descubra.

“Não se pode ensinar tudo a alguém. Pode-se, apenas, ajudá-lo a encontrar por si mesmo.”

Galileu Galilei, 1564-1642, físico italiano

E, como uma espécie de prêmio pelo desempenho desta tão nobre quanto necessária e difícil responsabilidade, poder descobrir como o personagem Riobaldo do livro “Grande Sertão: Veredas”, que o exercício pelo gerente do papel pedagógico permite também conhecer coisas novas, ou seja, de acordo com a terminologia própria, adquirir mais conhecimento.

“Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende.”

João Guimarães Rosa, 1908-1967, escritor mineiro