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A recente crise econômica deflagrada com a quebra do banco norte-americano Lehman Brothers em setembro passado tem, dentre tantos inconvenientes já materializados e ainda por materializar, o mérito de nos mostrar essa coisa que, apesar de óbvia, sempre esquecemos quando vivemos uma situação de bonança:

“Tempos difíceis têm um valor científico. São as oportunidades que um bom aprendiz jamais perde.”

Ralph W. Emerson, 1803-1882, filósofo norte-americano

Esquecemos, inclusive, que as crises, além de inevitáveis (há, inclusive, quem diga ser a crise própria do capitalismo que destrói riqueza para poder reconstruir e realimentar o próximo ciclo de crescimento continuamente), trazem embutidas a dialética do que “mata” e o que “salva”. São sempre ocasiões de confronto entre problemas e oportunidades. Claro que, pelo próprio incômodo que provocam ao eclodir, tendem sempre a evidenciar em primeira mão seu lado problemático.

“As crises, conforme representadas na escrita chinesa, têm sempre um duplo sentido dialético e contraditório. Os dois ideogramas que formam a palavra significam perigo e oportunidade. Eles querem dizer que, ao lado dos estragos que podem produzir, elas possuem também uma dimensão pedagógica e progressista.”

Zuenir Ventura, jornalista brasileiro

Descobrir essa dimensão pedagógica e progressista é, justamente, o que é mais exigido de nós, nunca esquecendo que, mesmo quando a aparência é de bonança, sempre há a possibilidade (ou a própria certeza) de que algo ameaçador está sempre à espreita. Desde que não se transforme numa paranóia patológica, estar preparado para o imponderável é sempre salutar.

“O importante é você acordar todo dia preparado para um ameaçador não sei o quê.”

Millôr Fernandes, escritor e artista plástico brasileiro

Mesmo porque, desde a Grécia antiga que se sabe que a realidade está sempre em mutação. O filósofo pré-socrático Heráclito chegou mesmo a basear a sua abordagem na inevitabilidade da mudança.

“Nada é permanente, salvo a mudança.”

Heráclito de Éfeso, 540 a.C.-470 a.C., filósofo grego

E, embora isso pareça ser uma verdade irrecorrível, o principal “disparador” da mudança, sem dúvida nenhuma, é a crise. Sem a pressão da crise, tendemos sempre a deixar para amanhã a mudança necessária até que ela, movida pela inexorável dinâmica da realidade cambiante, se impõe, transformando-se de mudança “controlável” em mudança  “inevitável”. Nesse caso, quase sempre os prejuízos são bem maiores do que quando a mudança se dá pela vontade, iniciativa e, tanto quanto possível, controle dos agentes.

“Mudanças só ocorrem nas crises. Em situações normais, a tirania do ‘status quo’ prevalece.”

Milton Friedman, 1912-2006, economista dos EUA

A crise econômica atual é profunda e a se confiar nas projeções mais realistas, ainda vai incomodar por um bom período de tempo.  Por isso mesmo é uma excelente oportunidade para estimular a realização das mudanças necessárias que os tempos de “fartura” empurraram para a frente. Como estímulo para isso, vale a pena reproduzir a frase da escritora deficiente visual e auditiva Helen Keller:

“A vida é uma aventura ousada ou, então, não é nada.”

Helen Keller, 1880-1968, escritora norte-americana

Este post tem 0 comentários

  1. Amaro

    Não encaro ese momento como crise, mas, como uma mudança de ciclo economico, uma mudança capaz de nos conduzir para uma nova realidade, na forma de gerir os nogócios e também na forma de conduzit nossa vida particular.Acabaram-se as facilidades e a maneira fácil do lucro, para sobreviver precisamos encarar essa nova fase da vida das empresas com maior cuidado nos detalhes e mais do que nunca valorizar os pessoas talentosas e comprometidas, agora sim, precisamos fazer mais e melhor com muito menos.Vamos trabalhar mais equem sabe receber menos!…. o salario emocional aumentou muito.

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