Se a luta contra a inflação ainda não está ganha. Se o câmbio e os juros continuam sendo usados como “antitérmicos” poderosos para manter baixa a “temperatura” inflacionária e anestesiada a economia, enquanto os remédios consequentes não são viabilizados. A estabilização dos preços, portanto, é uma realidade virtual que precisa, cada vez mais fortemente, sair do campo das projeções para o da concretude empresarial.
Se o Governo Federal retarda, hesita ou se equivoca no desarmamento da “bomba-relógio” que montou (tema do próximo “Conjuntura & Tendências”), as empresas não lhe podem seguir o exemplo, mesmo que pareça atraente fazê-lo ou custe muito tomar as duras medidas necessárias.
De fato, conviver com uma realidade econômica mais exigente, competitiva e sem camuflagens, tem sido pesado, custoso e, por vezes, doloroso para todos.
É possível, até, que se pense, na hora de tomar uma medida que seja extrema e necessária: “não sabia que ia ser tão difícil”.
Ter que repensar a viabilidade dos negócios, os custos, a qualidade dos produtos, o tamanho da empresa, a composição das equipes; ter que fazer cortes e mudar, extensa e profundamente o modo de “jogar o jogo”, sem perder a cabeça nem se deixar levar pela afobação, não é nem um pouco fácil.
Só que não há outra alternativa para a sobrevivência e o crescimento. Não dá para voltar atrás e instalar uma “ilha da incompetência” gerencial, cômoda, talvez, mas suicida, voltada só para os resultados de curto prazo e os ilusórios “ganhos” inflacionários.
Enfrentar o desconforto de fazer o que precisa ser feito; adotar as soluções imperativas, mesmo incômodas, com calma mas firmemente; mergulhar fundo nas dificuldades para emergir com mais competência é alternativa mais saudável que se deixar “explodir” por soberba ou hesitação.