O INFERNO SÃO OS OUTROS

Quem não conhece, nas empresas e organizações, aquele profissional que está sempre insatisfeito, reclamando de tudo e de todos? Para ele, tudo é fonte de problemas, via de regra causados por colegas incompetentes ou chefes omissos. Na visão desse personagem, como na frase do filósofo Jean Paul Sarte, o inferno são os outros. Eterna “vítima” das situações, ele nunca acha que foi suficientemente reconhecido e está sempre desmotivado para realizar o seu trabalho.
Chama a atenção a quantidade de profissionais que, em maior ou menos escala, se encaixa nesse perfil. Em comum, eles têm, além da insatisfação crônica, o hábito de sempre atribuir aos outros a culpa pelos problemas e pelas dificuldades na realização das tarefas. Observando de perto, porém, esses profissionais, na verdade, enxergam a realidade de uma forma distorcida. A eterna insatisfação profissional pode esconder, em grande parte dos casos, problemas na esfera pessoal e na forma como se posicionam em relação à vida.
Quem costuma se fazer de vítima normalmente não se coloca como protagonista diante das demandas e situações. É muito comum, por exemplo, ouvirmos desses profissionais a queixa de que a empresa não reconhece sua capacidade e não lhe dá oportunidades de crescimento. Essas seriam algumas causas de seu baixo rendimento e desmotivação. “Por que me dedicar se não me valorizam e não vou ter nada em troca?”, raciocinam.
Esses profissionais, entretanto, dificilmente fazem uma autocrítica no sentido de avaliar objetivamente sua postura e comportamento no dia a dia da empresa. O que eles fazem, de concreto, para obter esse reconhecimento e valorização? Têm uma postura proativa? Fazem mais do que é pedido ou se limitam a realizar as tarefas demandadas? Diante de um problema, como se posicionam? Apenas reclamam ou tentam encontrar soluções?
Muitas vezes aqueles profissionais eternamente insatisfeitos projetam todos os problemas e as causas de suas frustrações na empresa, alimentando cotidianamente a falsa ideia de que todos estão errados, menos ele. Problemas e conflitos sempre vão existir — eles são inerentes a qualquer grupo ou organização. O que faz a diferença entre os profissionais é, exatamente, a forma como se posicionam diante deles.
Não há mais espaço nas empresas e organizações para aquele profissional que sempre acha que o problema está nos outros e, por isso, nada faz para resolvê-lo. Mesmo que não tenha colaborado para causar aquela situação, certamente há algo que ele possa fazer para ajudar a encontrar uma solução que resolva o conflito e beneficie a todos. Deixar de se ver como vítima, sempre procurando culpados, para se posicionar como um facilitador, buscando soluções, é essencial. Uma atitude que pode fazer toda a diferença para quem deseja novas oportunidades e crescimento em sua carreira.